28 de dezembro de 2010

Brumas de Mim! ___ Uma reescritiva de Lampejos!



Lampejos!
Hoje estou como o vizinho oceano
Rugindo por entre o esplendor das brumas
Uma névoa cercada pelos mistérios intangíveis da Alma
Um cálido venoso a misturar-se sorrateiro
Uma falésia escavada pelo esplendor das ondas
E onde nascente jorro deita a água tranqüila
Para saciar meus sonhos
Esculpidos nas janelas que me enfronham.
E sinto ao longe um misterioso doce sabor
A navegar em constante cadência sonora
E abrigar-me-á na enseada segura e iluminada
De um novo poente!

Paulo Boechat.




28 de junho de 2010

A impontualidade do amor – Martha Medeiros








A impontualidade do amor
Você está sozinho. Você e a torcida do Flamengo. Em frente a tevê, devora dois pacotes de Doritos enquanto espera o telefone tocar. Bem que podia ser hoje, bem que podia ser agora, um amor novinho em folha.
Trimmm! É sua mãe, quem mais poderia ser? Amor nenhum faz chamadas por telepatia. Amor não atende com hora marcada. Ele pode chegar antes do esperado e encontrar você numa fase galinha, sem disposição para relacionamentos sérios. Ele passa batido e você nem aí. Ou pode chegar tarde demais e encontrar você desiludido da vida, desconfiado, cheio de olheiras. O amor dá meia-volta, volver. Por que o amor nunca chega na hora certa?
Agora, por exemplo, que você está de banho tomado e camisa jeans. Agora que você está empregado, lavou o carro e está com grana para um cinema. Agora que você pintou o apartamento, ganhou um porta-retrato e começou a gostar de jazz. Agora que você está com o coração às moscas e morrendo de frio.
O amor aparece quando menos se espera e de onde menos se imagina. Você passa uma festa inteira hipnotizado por alguém que nem lhe enxerga, e mal repara em outro alguém que só tem olhos pra você. Ou então fica arrasado porque não foi pra praia no final de semana. Toda a sua turma está lá, azarando-se uns aos outros. Sentindo-se um ET perdido na cidade grande, você busca refúgio numa locadora de vídeo, sem prever que ali mesmo, na locadora, irá encontrar a pessoa que dará sentido a sua vida. O amor é que nem tesourinha de unhas, nunca está onde a gente pensa.
O jeito é direcionar o radar para norte, sul, leste e oeste. Seu amor pode estar no corredor de um supermercado, pode estar impaciente na fila de um banco, pode estar pechinchando numa livraria, pode estar cantarolando sozinho dentro de um carro. Pode estar aqui mesmo, no computador, dando o maior mole. O amor está em todos os lugares, você que não procura direito.
A primeira lição está dada: o amor é onipresente. Agora a segunda: mas é imprevisível. Jamais espere ouvir “eu te amo” num jantar à luz de velas, no dia dos namorados. Ou receber flores logo após a primeira transa. O amor odeia clichês. Você vai ouvir “eu te amo” numa terça-feira, às quatro da tarde, depois de uma discussão, e as flores vão chegar no dia que você tirar carteira de motorista, depois de aprovado no teste de baliza. Idealizar é sofrer. Amar é surpreender.
Martha Medeiros



25 de maio de 2010

Maré Campés!



Passo leve temperado
Sinto perdido grão praiano
Formigar meu descalço
Em noite de outono.

Brisa frouxa que amacia
Minha face iluminada
Em matizada orla
Bem-vinda agradecia.

Luar solto entre nuvens
Que por vezes se esvaía 
Sem sentir-me a companhia.

Aguo a nudez de meus pés
Onde escorre silenciosa gota
Na forma de maré campés.

Paulo Boechat.

22 de maio de 2010

Michelle, Anjo Encantado!



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A cada Maio um suspiro de saudade!
Mas a certeza de que continuas em outra realidade!
Nossos sonhos,
Suas visitas!
Nosso peito,
Seu afago!
Nas dificuldades,
Seu sorriso!
Nos tropeços,
Seus abraços!
Ah! Como é bom saber que você está entre nós!
Numa Nuvem de Amor e Afeto!
Acariciando-nos na continuidade de nossa jornada terrena!
Nunca desistindo dos nossos “Sonhos”.

Paulo Boechat.


20 de maio de 2010

Corte em Minueto!




Cáustico som desafinado
Mordaz...
Enfadonha meus sentidos!
Apuro cada nota,
Iota!
Desperto na matina,
Insisto no leito suado...
Irado!
Da febre que espanca minha pele!
Na busca da patia,
Frenecto mesmo conhecidas salubres...
Persisto nos lenços que me deito,
Em desmedida teimosia!
Tímpanos perturbados...
Do rego fronteiro
Às cachoeiradas montanhas invisíveis!
Agora sim!
Vence o adágio no corpo!

Paulo Boechat.

19 de maio de 2010

The sounds of silence!



Saí a caminhar...
Dia claro de sol reluzente, céu esplendoroso.
Típico outono carioca!
Como se naquele momento as forças da natureza se materializassem somente para meu deleite.
Recostei-me aos pés de frondoso velho jacarandá.
Olhar ao longe e pensamentos fugidios...
Recolhi-me para o descanso da labuta destes últimos dias!
Intrigado! Esgotado!
Silêncio!
Meditar é uma arte atemporal!
Transcendente.
Completamente absorto e fagueiro em meus pensamentos
Tudo tornou-se mais doce e tangível.
Em segundos um presente:
Um sobrevoar de maritacas urbanas...
Que saudade das perdidas escapadelas nas matas da fazenda do Caminho da Pedra Preta!
Sentidos apurados aos detalhes do ar!
Borboleta multicores esvoaça a minha frente. Uma! Solitária!
Por questão de instinto ou intuição fixei meu olhar em um dos formosos troncos notando a presença de pequeno casulo.
Indaguei-me: se desta casca metamórfica sairá já já esse lindo ser alado...
Então breve meu vôo há de alcançar as alturas da Luz!

Paulo Boechat.

Foto de Ricardo Cardim

16 de maio de 2010

Estático!




Olha-me!
Desfaça a dureza que te consome.
Esforça-te!
Pega meus dedos e entrelaça nos teus!
Suga meus lábios em demasia.
Alivia-te!
Estraçalha a sórdida solidão que em ti habita!
Acha-me em teus sonhos!
Não desmaie!
Na borda de teus olhos encontre-me...
Nesse espesso nevoeiro!
Mesmo esbaforido pelos enganos da vida
Desmorona-te em meus braços!
Espero-te como em todo desastre ambular
A calmaria chegar!

Paulo Boechat.

8 de maio de 2010

Lampejos!





Hoje estou como o vizinho oceano

Rugindo por entre o esplendor das brumas

Uma névoa cercada pelos mistérios intangíveis da Alma

Um cálido venoso a misturar-se sorrateiro

Uma falésia escavada pelo esplendor das ondas

E onde nascente jorro deita a água tranqüila

Para saciar meus sonhos

Esculpidos nas janelas que me enfronham.

E sinto ao longe um misterioso doce sabor

A navegar em constante cadência sonora

E abrigar-me-á na enseada segura e iluminada

De um novo poente!

Paulo Boechat.

1 de maio de 2010

Estalactites da alma!




Quando as gotas caem uma nova porção de água toma seu lugar

Juntam-se alinhavadas nas frestas orbiculares que me faceiam

Formando hoje estalactites na alma!

Meu coração umedecido pela desnuda que ronda o contato humano!

Será que ainda resta alguma fenda escondida

Para que eu possa tamponá-la?

Quero ser diferente de Espanca

Uma visão sonhada

Que veio ao mundo

E ser encontrado em Vida!

Paulo Boechat.

Foto de http://nalga.wordpress.com

25 de abril de 2010

Les chansons d'amour




Ma Mémoire Sale

Lave
Ma mémoire sale dans son fleuve de boue
Du bout de ta langue nettoie moi partout
Et ne laisse pas la moindre trace
De tout ce qui me lie et qui me lasse
Hélas

Chasse
Traque-la en moi, ce n'est qu'en moi qu'elle vit
Et lorsque tu la tiendras au bout de ton fusil
N'écoute pas si elle t'implore
Tu sais qu'elle doit mourir d'une deuxième mort
Alors... tue-la

Pleure
Je l'ai fait avant toi et ça ne sert à rien
A quoi bon les sanglots, inonder les coussins
J'ai essayé, j'ai essayé
Mais j'ai le coeur sec et les yeux gonflés
Mais j'ai le coeur sec et les yeux gonflés

Alors brêle
Brêle quand tu t'enlises dans mon grand lit de glace
Mon lit comme une banquise qui fond quand tu m'enlaces
Plus rien n'est triste, plus rien n'est grave
Si j'ai ton corps comme un torrent de lave

Ma mémoire sale dans son fleuve de boue
Lave
Lave
Ma mémoire sa dans son fleuve de boue
Lave (lave)